No DICAS DE GESTÃO “ressignificando o propósito essencial da organização a partir da intenção estratégica” abordamos o tema intenção ou proposito estratégico a partir do trabalho desenvolvido por Gary Hamel e C. K. Prahalad no célebre artigo Strategic Intent publicado na Harvard Business Review.
Naquela oportunidade o propósito estratégico foi apresentado como sendo a alavancagem de todos os recursos, capacidades e competências essenciais de uma empresa com a finalidade de alcançar os seus objetivos estratégicos. A intenção estratégica geralmente incorpora metas que mobilizam as empresas a competir de formas inovadoras. Dessa forma a intenção estratégica captura a essência da vitória, é estável ao longo do tempo e estabelece uma meta que merece esforço e comprometimento pessoais.
Segundo os autores o propósito estratégico é fundamental para o alcance de resultados na medida em que integra as declarações corporativas com os objetivos estratégicos, ou seja, os fundamentos da estratégia que são: o negócio, a visão, a missão e os valores da organização com o alcance dos objetivos.
Portanto o propósito estratégico, conforme ilustrado na Figura 1, repercutido na visão, missão e também nos objetivos é o grande alavancador de um desempenho empresarial superior. É ele que, na medida em que se desdobra em iniciativas estratégicas e posteriormente nos planos de ação, faz as coisas acontecerem na empresa. Por sua vez o plano de ação é uma das metodologias mais simples e eficazes para o detalhamento do planejamento estratégico e orientação das atividades do dia a dia. É o plano de ação que assegura que nenhuma atividade seja preterida, deixada para trás, desde simples tarefas cotidianas até projetos mais complexos e com maior repercussão na performance e, consequentemente, nos resultados empresariais.
Todavia não se pode ignorar que o propósito estratégico, que é fundamental para o desempenho da empresa pois fornece orientações e planos sobre como fatores e atores organizacionais podem levar a empresa a uma performance superior, é, segundo Johnson, Scholes e Whittington (2011), influenciado por três vetores que que são a estrutura de governança, a responsabilidade social e ética e a expectativa das partes interessadas que são os stakeholders.
A Figura 2 ilustra as influências sobre o propósito estratégico.
O primeiro vetor, a estrutura de governança, aborda as estruturas e os sistemas de controle pelos quais os diretores representam o acionista controlador. A estrutura de governança explicita as regras e os procedimentos para a tomada de decisões. Especifica de que forma os deveres e as responsabilidades são distribuídos entre Assembleia Geral, Conselho de Administração e Executivos.
O segundo vetor, a responsabilidade social e ética, estão intrinsecamente relacionadas. A ética é à base da responsabilidade social e é representada por meio dos princípios e valores adotados pela empresa na condução dos seus negócios. A responsabilidade social e ética diz respeito aos meios pelos quais a empresa atende as partes interessadas. “As empresas consideradas éticas são geralmente aquelas cuja conduta é socialmente valorizada e cujas políticas estão sintonizadas com a moral vigente, subordinando as suas atividades e estratégias a uma reflexão ética prévia e agindo posteriormente de forma socialmente responsável.” (ALMEIDA, 2007, apud ALMEIDA e GALLI, 2014)
Finalmente o terceiro vetor, as expectativas dos stakeholders, influenciam as decisões dos executivos no que se refere ao propósito e a estratégia da empresa. Isso apresenta um desafio importante na medida em que vários stakeholders apresentam demandas distintas e não raramente conflitantes.
De acordo com Johnson, Scholes e Whittington (2011) os executivos precisam ter muito claro quais dos stakeholders terão a maior influência, em quais expectativas precisam prestar mais atenção e até que ponto as expectativas e influências dos diferentes stakeholders variam.
Caro você queira aprofundar um pouco mais a identificação e análise das partes interessadas, stakeholders, recomendo a leitura dos DICAS DE GESTÃO “identificando as partes interessadas na organização” e “desenvolvendo estratégias para as partes interessadas”.
Até a próxima semana!