Depois de ler sobre modelo de negócio, estratégia e processos nos DICAS DE GESTÃO anteriores você deve estar se perguntando: como será que essas coisas “se encaixam”?
É natural que haja essa dúvida. Hoje vamos tentar esclarecer.
Para isso vamos utilizar um modelo que me parece bem didático que apresento nas minhas aulas e palestras quando falo sobre gestão empresarial dentro de uma abordagem sistêmica.
A partir da governança corporativa a empresa opta por um modelo de gestão, por exemplo, a gestão estratégica, e desenvolve o seu processo de planejamento estratégico que terá como resultado final a estratégia empresarial.
A empresa define as declarações corporativas negócio, visão, missão e valores e em seguida, após a discussão dos cenários ambientais e diagnóstico interno, previamente elaborados, a organização estrutura a matriz SWOT identificando no ambiente externo ameaças e oportunidades e no ambiente interno pontos fracos e pontos fortes. A finalidade da matriz SWOT é assegurar uma estratégia organizacional e posteriormente um modelo de negócios coerentes com o cenário que a empresa vislumbra.
Para que se defina uma estratégia organizacional e desenvolva um modelo de negócios que seja coerente com o cenário em que a empresa se encontra, é realizada, portanto, toda a análise do ambiente da empresa. Para isso a técnica mais utilizadas é a Análise SWOT, onde as ameaças e oportunidades, bem como os pontos fortes e fracos, são identificados a fim de que se obtenha um cenário próximo à realidade e que as decisões a serem tomadas sejam feitas com base em informações coerentes.
A partir da visão são desdobrados os objetivos estratégicos que a empresa pretende perseguir ao longo do ano. Para cada objetivo são escolhidos indicadores e iniciativas estratégicas, ou simplesmente estratégias, que deverão ser implementadas para que os objetivos sejam alcançados. Anteriormente, em outros textos, já tratamos do processo de planejamento estratégico e a definição de indicadores de desempenho e metas para estes. Se ficou alguma dúvida recomendo que você releia os artigos anteriores.
Com a estratégia definida chegou a hora de desenhar o modelo de negócio com seus nove quadrantes. A partir da definição do negócio e considerando as discussões do planejamento estratégico, a empresa define o seu modelo de negócio que deve contemplar nove dimensões/quadrantes: parcerias-chave, atividades-chave, proposta de valor, relacionamentos, clientes-alvo, recursos, canais, estrutura de custos e fontes de receita. Caso o seu processo de formulação da estratégia não aborde todas essas dimensões será necessário agregar o que estiver faltando.
Com a análise das informações obtidas é possível identificar os concorrentes, possíveis desafios ou oportunidades econômicas, sociais e culturais, dentre outras tantas variáveis que possibilitarão a um negócio desenvolver-se no mercado de forma inovadora e única. É através da sinergia entre estratégia empresarial e modelo de negócio que será possível desenvolver experiências e destacar-se no mercado cada vez mais competitivo. Essa sinergia fica assegurada pela adequada condução da metodologia de planejamento que possibilite a integração entre estratégia e modelo de negócio.
Concluída esta etapa é importante validar o que foi produzido até este momento. A validação consiste em verificar se o modelo de negócio está alinhado com a estratégia definida. Sob pena de não se alcançar os resultados esperados é importante avaliar se não há nenhuma incoerência entre modelo de negócio e estratégia. Em outras palavras a estratégia implementada deve possibilitar a consolidação do modelo de negócio.
Ficou claro? A estratégia deve assegurar os recursos necessários e os clientes-alvo devem estar identificados entre outros aspectos. Lembre-se o modelo de negócio tem 9 dimensões que devem ser providas pela estratégia.
Bem, agora já temos um sistema de governança corporativa, oportunamente voltarei a falar de governança corporativa, um modelo de gestão, uma estratégia e um modelo de negócios. Falta desenhar a arquitetura organizacional (estrutura organizacional) que vai estabelecer como o trabalho será dividido na empresa e definir a maneira como você vai gerenciar o desempenho. Também já tratamos aqui sobre indicadores, metas e as reuniões de análise crítica do desempenho. Por último o risco é inerente a toda atividade empresarial e permeia todas as decisões tomadas.
Agora que você já compreendeu o papel da estratégia empresarial e a importância de alinha-la ao modelo de negócios, que tal fazer uma análise e verificar se as decisões e as ações de sua empresa estão em sinergia com ambos? É um exercício interessante.
Lembre-se a implantação de uma estratégia e de um modelo de negócio se dá por meio do processo decisório. Não adianta ter uma estratégia escrita e um modelo de negócio desenhado se as decisões e ações do dia a dia não respeitam ambos.
Definida a estratégia e elaborado o modelo de negócio é hora de alinhar os processo de negócio com a estratégia e, consequentemente, com o modelo de negócio. Os processos de negócio formalizados em fluxogramas vão padronizar o que será feito no dia a dia e de que forma. Posteriormente, por meio de indicadores, deve-se monitorar se a estratégia está sendo colocada em prática. Se estiver os resultados e o alcance de metas deve evidenciar isso. Caso contrário correções de rumo devem ser providenciadas. O principal benefício obtido por meio deste alinhamento é a efetividade da estratégia e do seu modelo de negócios. Nesse sentido, a iniciativa permite que os indicadores estejam correlacionados e que sejam acompanhados de forma a facilitar intervenções e ações corretivas de possíveis não conformidades que possam surgir e garantir que a estratégia corporativa está sendo seguida. Alguns processos de negócio, anteriormente mapeados, deverão ser redesenhados para que se alinhem a nova estratégia e ao modelo de negócios escolhido. O refinamento na integração entre estratégia, modelo de negócio e processos de negócio será resultado de aprendizado obtido ao longo de vários ciclos de melhoria.












