Você já ouviu falar em Simbiose Industrial?
Na natureza, a simbiose pode ser definida como sendo a associação íntima entre indivíduos de espécies diferentes em que ambos se beneficiam. As trocas simbióticas entre diferentes espécies proporcionam um benefício coletivo maior do que a soma dos benefícios individuais. Abordagem semelhante também pode ser implementada em um ambiente empresarial. Integrada com o conceito de ecologia industrial, a simbiose industrial é uma maneira inovadora de aumentar a produtividade dos recursos proporcionando uma economia circular.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) definiu a simbiose industrial como uma alternativa para reutilização dos produtos e resíduos produzidos em uma indústria por outra indústria, ou seja, os resíduos gerados por uma indústria são utilizados como matéria prima por outra (OECD, 2001).
A simbiose industrial proporciona a economia de recursos reduzindo o consumo a partir do trabalho em conjunto para maximizar os resultados, que podem ser gerados a partir desses recursos. Entre os benefícios pode-se mencionar que a simbiose industrial oferece oportunidades para empresas públicas e privadas aumentarem sua lucratividade e competitividade reduzindo o custo dos recursos além de apresentar benefícios substanciais para o meio ambiente, reduzindo o descarte de materiais e resíduos.
Numa abordagem de simbiose industrial as atividades econômicas se organizam por intermédio da retroalimentação, em que o design de produto e os processos produtivos são desenvolvidos a partir da reutilização de todas as partes em novos processos após o descarte, conforme Lourenço e Chiaramonti (2015).
O município de Kalundborg, na Dinamarca, é considerado o modelo pioneiro, e o exemplo paradigmático, de simbiose industrial. Outros exemplos de simbiose industrial são: Austrália (Kwinana e Gladstone), Puerto Rico (Guayama), Hawaii (Campbell Industrial Park), Coreia (Ulsan), Áustria (Estíria), Holanda (Porto de Roterdão), Reino Unido (Programa nacional de Simbiose industrial) e China (Área de Desenvolvimento Tecnológico e Económico de Fuzhou; Zona de Alta Tecnologia de Xi’an; Área piloto de economia circular de Qaidam; Área de Desenvolvimento económico e tecnológico de Tianjin).
A cidade de Kalundborg, na Dinamarca, que opera desde a década de 1970 é frequentemente citado como a primeira simbiose industrial em funcionamento no mundo. Kalundborg é uma pequena cidade portuária que se tornou na grande referência em matéria de ecologia industrial. Através do conceito “simbiose industrial”, os resíduos de algumas empresas são utilizados como matéria-prima em outras.
Os principais parceiros em Kalundborg, incluindo uma refinaria de petróleo, uma usina de energia, uma instalação de placas de gesso e uma empresa farmacêutica, compartilham águas subterrâneas, águas superficiais, águas residuais, vapor e combustível, e também trocam uma variedade de subprodutos que tornam-se matéria-prima em outros processos. Os benefícios da simbiose industrial incluem baixo consumo de energia, economia de CO2 de cerca de 250.000 toneladas por ano, cortes de cerca de 30% no consumo de água e desperdício mínimo para descarte.
Outro exemplo dos benefícios de custo proporcionados pela simbiose industrial é o Programa Nacional de Simbiose Industrial (NISP) do Reino Unido, lançado em 2005. No Reino Unido, as empresas perceberam um grande benefício financeiro ao se envolverem em atividades de simbiose industrial. Durante os primeiros 7 anos, as empresas participantes do NISP economizaram mais de € 1,3 bilhão, geraram outros € 1,3 bilhão em vendas adicionais e simultaneamente produziram benefícios ambientais, incluindo a economia de 39 milhões de toneladas de CO2.
Fontes:
Chertow (2007) “Uncovering” Industrial Symbiosis in Journal of Industrial Ecology, Volume 11 (1)
Yu et al. (2014) Process analysis of eco-industrial park development—The case of Tianjin, China, Journal of Cleaner Production, 64
Van Berkel et al. (2009) Industrial and urban symbiosis in Japan: Analysis of the Eco-Town program 1997–2006, Journal of Environmental Management 90(3)











